quarta-feira, 31 de agosto de 2016
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
amiga
De Neuza Lima para: Maria Apparecida
Encontrei uma amiga biruta
Mais biruta do que eu.
Quando penso que sou louca,
Ela é mais louca que eu.
E uma amiga nova Novinha de tudo,
Talvez a mais nova que tenho.
Mas carrega dentro de si o mundo inteiro
Tem séculos de existência.
Não gosta que lhe apiedem
Nem na pior das agruras,
É doce,
Mas amarga como fel,
Se lhe oferecem penas.
Mas se lhe dão uma pena,
Ela tira o branco das paginas
Desenha palavras,
Fortes, fracas, doces, suaves, amargas.
Mas belas de se ler e guardar.
Luto para ela é verbo!
Encontrei uma amiga biruta
Mais biruta do que eu.
Quando penso que sou louca,
Ela é mais louca que eu.
E uma amiga nova Novinha de tudo,
Talvez a mais nova que tenho.
Mas carrega dentro de si o mundo inteiro
Tem séculos de existência.
Não gosta que lhe apiedem
Nem na pior das agruras,
É doce,
Mas amarga como fel,
Se lhe oferecem penas.
Mas se lhe dão uma pena,
Ela tira o branco das paginas
Desenha palavras,
Fortes, fracas, doces, suaves, amargas.
Mas belas de se ler e guardar.
Luto para ela é verbo!
sexta-feira, 26 de agosto de 2016
Luiz Medina
Tenho em meu
quintal,
um pé de Quintana.
Sempre quando
está Rubem Fonseca,
rego com Vinicius
e Drummond.
Aí começam a brotar
Cecílias Meireles
e Clarices Lispectores.
No outono, as folhas
caem, escritas de poemas.
Quando comemos seus
frutos,
alimentamos a mente,
a alma
e fertilizamos
o futuro.
Ficamos mais frondosos,
como uma espécie
de árvore.
Ficamos também,
um pouco mais
do que meros
seres humanos.
Tenho em meu
quintal,
um pé de Quintana.
Sempre quando
está Rubem Fonseca,
rego com Vinicius
e Drummond.
Aí começam a brotar
Cecílias Meireles
e Clarices Lispectores.
No outono, as folhas
caem, escritas de poemas.
Quando comemos seus
frutos,
alimentamos a mente,
a alma
e fertilizamos
o futuro.
Ficamos mais frondosos,
como uma espécie
de árvore.
Ficamos também,
um pouco mais
do que meros
seres humanos.
terça-feira, 23 de agosto de 2016
Pablo Neruda
Amo-te como a planta que não floriu e tem
dentro de si, escondida, a luz das flores,
e, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.
Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te diretamente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,
a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono.
Amo-te como a planta que não floriu e tem
dentro de si, escondida, a luz das flores,
e, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.
Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te diretamente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,
a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono.
sexta-feira, 19 de agosto de 2016
Saí-azul
Era para
ficar azul.
Todos assim
o esperavam.
Piscina de
Olimpíada
tem de
ficar azul.
Teimosa, a
água não queria,
não queria
ficar azul.
Acertou-se em
verde
inspirada na
Amazônia,
desaguada da
bandeira,
do estandarte
da Mangueira,
dos pulos
do louva-a-deus,
apaixonada para
sempre
pelo olhar
de Diadorim.
Feliz a
piscina,
infelizes os
atletas
os cartolas
o público
em geral.
Ciência demorou
gambiarra gorou.
Foi quando
um saí macho
estremunhado de
azul
levantou voo
do galho
da mais
rósea cerejeira
que existia
no quintal
de uma
artista iluminada.
Ganhou o
céu, generoso,
voou voou
e voou
até alcançar
a piscina
birrenta de
verde cor.
Por sobre
as águas abriu
os pincéis
das suas asas.
Quem diz
que saí não
entende
de arte
e de beleza?
18/ago./2016
quinta-feira, 18 de agosto de 2016
inveja
Apparecida de Mattos
Pelejei à beça.
Para ser moderna.
Podia ser na escrita,
quem sabe na compostura,
na escolha da profissão.
Ao menos vivi um tempo
em que mulher podia
escolher uma profissão.
Foi só.
Não consegui ser moderna.
A família não deixou
muito menos a escola.
Teve religião no meio,
além de machismo e opressão.
Feliz foi o James Joyce.
Na Irlanda jesuítica
inventou o modernismo.
segunda-feira, 15 de agosto de 2016
Pedra de toque
Narciso Bedran
Sonhava-me
pendências mitigadas.
Sonhava-me
todos os problemas resolvidos,
todos os sonhos realizados.
Sonhava-me
abertas todas as tenazes.
Como se ignorasse
ser o infortúnio
a pedra de toque
da razão de viver.
Sonhava-me
pendências mitigadas.
Sonhava-me
todos os problemas resolvidos,
todos os sonhos realizados.
Sonhava-me
abertas todas as tenazes.
Como se ignorasse
ser o infortúnio
a pedra de toque
da razão de viver.
Pode ser que cor exista
Maria Apparecida de Mattos
Poderia ser uma medusa.Sem cérebro.
Porém não sou.
E meu cérebro fabrica.
Da luz fabrica cores.
E mais: dá-lhes sentido.
Sensação é simples,
diga-o (se puder) a medusa.
Sentido não é simples.
Você que o diga.
Por mim, posso afiançar:
tenho passado a vida
a colher flores vermelhas
vivas e desbotadas.
A chafurdar em lodaçais putrefatos
verdes cadavéricos.
A delirar em azulados
ensopados de promessas.
A trocar de máscara
a cada encontro novo,
amarelo-biliosa,
cor - de - rosa pueril,
pseudosséria amarronzada,
negra chique ou sorumbática. 10/ago./2016
E a colorir sentidos,
seja lá o que isto signifique.
Jura que nunca na vida
tentou matizar algum sentido?
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
disco voador
Por favor, reservem dois lugares
num disco voador,
um pra mim, outro pro meu amor
que eu tenho sede de céu,
tenho fome de estrelas
e uma vontade louca de mastigar
violetas
Prefiro partir nas primeiras horas do dia
quando as nuvens ainda são suave carícia.
Levarei comigo uma bagagem tão pequena
que ninguém nem mesmo notará:
uma bússola feita de vento
e um embrulho de sonhos
mais leve que a luz.
Quero encontrar um planeta
onde os homens tenham as mãos
de tal modo azuis
que ninguém saiba direito se são mesmo
homens ou se são anjos ou pássaros
Minha nave descerá suavemente
num campo de girassóis
e os homens acenarão sorrindo
sem medo nenhum.
Quando vejo numa noite escura
alguma estrela solitária semeando o céu,
sinto pressa de partir.
Roseana Murray
num disco voador,
um pra mim, outro pro meu amor
que eu tenho sede de céu,
tenho fome de estrelas
e uma vontade louca de mastigar
violetas
Prefiro partir nas primeiras horas do dia
quando as nuvens ainda são suave carícia.
Levarei comigo uma bagagem tão pequena
que ninguém nem mesmo notará:
uma bússola feita de vento
e um embrulho de sonhos
mais leve que a luz.
Quero encontrar um planeta
onde os homens tenham as mãos
de tal modo azuis
que ninguém saiba direito se são mesmo
homens ou se são anjos ou pássaros
Minha nave descerá suavemente
num campo de girassóis
e os homens acenarão sorrindo
sem medo nenhum.
Quando vejo numa noite escura
alguma estrela solitária semeando o céu,
sinto pressa de partir.
Roseana Murray
quinta-feira, 4 de agosto de 2016
Mistérios do cérebro
Maria Apparecida de Mattos
Caneta desobediente.
Recusa o
comando
da superfície
do cérebro.
Quero escrever
vazio
e garatujo
pleno.
Quero matar
de cinza
e resplandeço
em verde.
Quero pontilhar
de reticências
e me
explico em dois
pontos.
Quero traçar
uma curva
e me
afirmo na reta.
Quero sucumbir
ao zero
e esnobo
no infinito.
Quero pôr
ponto final
e me
precipito em vírgulas.
Quero palavras
dúbias
e exponho
assertivas.
Quero fazer
um texto
e me
enrolo em outro
teste.
Nos subterrâneos
do cérebro
teimam bichinhos
rebeldes.
Caneta desobediente.
3/ago/2016
Felicidade é
Maria Apparecida de Mattos
Ver os amigos felizesSalvar a alma do ódio
Comer pipoca no escurinho
Mergulhar numa pintura
Voltar à roça da infância
Surfar numa melodia
Repaginar as tristezas
Perdoar a hipocrisia
Lambuzar-se de ambrosia
Desfrutar de um aperto de mão
Sentir-se no amor do amado
Colher pitanga em vaso
Desistir do pedestal
Renovar o dia a dia
Plantar jardim em deserto
Cremar desilusão
Rolar na fofura das nuvens
Felicidade é
Renascer das cinzas.
2/ago/2016
Cores
Maria Apparecida de Mattos
Vermelho é teu fogo,
mas o abafas.
Amarelas de susto
diante do meu azul.
Engulo-te marrom
e te vomito verde
da esperança do peito,
peito maluco de fantasia rosa.
Tua sabedoria violeta
irá decerto a pique
nas ondas brancas
do mais puro de mim.
Se me espalhares cinza
hei de moldar-te
em fôrma de Arlequim
confundindo-te em cores
abandonando-te infeliz
até o final dos tempos.
3/ago/2016
Vermelho é teu fogo,
mas o abafas.
Amarelas de susto
diante do meu azul.
Engulo-te marrom
e te vomito verde
da esperança do peito,
peito maluco de fantasia rosa.
Tua sabedoria violeta
irá decerto a pique
nas ondas brancas
do mais puro de mim.
Se me espalhares cinza
hei de moldar-te
em fôrma de Arlequim
confundindo-te em cores
abandonando-te infeliz
até o final dos tempos.
3/ago/2016
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