quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Mistérios do cérebro


  Maria  Apparecida  de  Mattos
Caneta  desobediente.
Recusa  o  comando
da  superfície  do  cérebro.
Quero  escrever  vazio
e  garatujo  pleno.
Quero  matar  de  cinza
e  resplandeço  em  verde.
Quero  pontilhar  de  reticências
e  me  explico  em  dois  pontos.
Quero  traçar  uma  curva
e  me  afirmo  na  reta.
Quero  sucumbir  ao  zero
e  esnobo  no  infinito.
Quero  pôr  ponto  final
e  me  precipito  em  vírgulas.
Quero  palavras  dúbias
e  exponho  assertivas.
Quero  fazer  um  texto
e  me  enrolo  em  outro  teste.
Nos  subterrâneos  do  cérebro
teimam  bichinhos  rebeldes.
Caneta  desobediente.

                    3/ago/2016

               

Nenhum comentário:

Postar um comentário