sábado, 31 de dezembro de 2022

                       Um ano de novo em mim.

Que me faz sonhar 
É preciso partir.
É preciso chegar.
Embrulhado de esperança.
E eu aqui a escrever
Porque palavra me recicla
neste ir e vir constante.

Adeus Ano Velho.

Feliz Ano Novo!

quinta-feira, 17 de novembro de 2022


No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá
onde a criança diz: Eu escuto a cor dos
passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um
verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz
de fazer nascimentos —
O verbo tem que pegar delírio.

                                             Manoel de Barros

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

depois


existo

há já tanto tempo

 

depois

 

nasci

das tuas mãos

que me escreveram

 

talvez

me reconheça

 

se algum dia

decidires ler-me



Maria Teresa Bispo 

 

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

 "Tive um chão (mas já faz tempo)

todo feito de certezas

tão duras como lajedos

Agora (o tempo é que fez)

tenho um caminho de barro

umedecido de dúvidas

Mas nele (devagar vou)

me cresce funda a certeza

de que vale a pena o amor"

             Thiago de Mello