domingo, 26 de agosto de 2018

                                                   Fátima Fonseca
imensos rios cruzam nas minhas mãos
tantos rios
e eu ainda não aprendi remar
sempre tem um deserto me pedindo
para
ancorar.

toda prosa

                                                 Fátima Fonseca
a menina usa vestido chita com babados
o batom vermelho contorna os lábios
meio a pobreza
toda prosa 
ela vai pra janela
e espreita o horizonte sisudo.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

ausência

                     Fátima Fonseca

encontrei com a dama da noite
na esquina de um canteiro
para falar de jacinto
que partiu vestido de silêncio

embriagamos com  vinho seco
que rimou com
ausência

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Por que escrevo?

“Se fosse sólido eu comia. Se fosse líquido eu bebia. Escrevo porque é gasoso.”
                                                                             Alice Barreira

tempo

                           Fátima Fonseca
eu sou um coração
que pulsa neste mundo
menor que um cisco
ninguém vê
ninguém soletra
mas todos os dias o sol se põe para mim
tenho a proteção dos anjos
o amor dos deuses
uma rosa para enfeite
um anel de ouro
um criado mudo
uma gaveta e um poema
sou vulnerável
mas tenho a força de um
leão.
meu texto chama-se tempo
aos poucos me leio
e me aprendo.

alguma poesia

                       

                         Fátima Fonseca
hortência,
violeta,
jacintos,
dália
e sempre vivas
que somos todos nós,
falavam dos versos
que suas flores não escreveram

o lamento era num idioma
que entendia espinhos

falharam ser
embora também contavam acertos
isso doía fundo

o silêncio atenuava
escavando néctar
ou quem sabe
canções,
suspiros, algodão doce
 ou alguma poesia.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

                    Fátima Fonseca
fotos amareladas
desatam memória

um rio
lagrimeja  

me corta 

beija todas 
as  margens

domingo, 12 de agosto de 2018

                       Fátima Fonseca

estações me atravessam
de todos os lados
soletro velhas palavras
atras de um véu
a palavra tempo
acorrentada sem rastros
sem imagens

o nada cala
e
dialoga com as estrelas.

vazio

                                                  Fátima Fonseca

com olhos de roer ossos
súplicas que ladram noites
esperança risca íris
de um vira lata
que baba diante do poste

“Buzios
Cartas
Tarot
Trago seu amor de volta”

ele levanta a perna e rega
aquela promessa de amor

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

                                Fátima Fonseca
arrasto comigo
uma penca de maribondos
que já morreram
olhar que fingia não ver
palavras privadas
trouxe o borralho
as esquinas,
quinas
e aquele verbo trincado
excluído do verso.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

                             Fátima Fonseca

se eu fosse nuvem
                  pintora
                  maestrina
                  noite
se eu fosse estação
                  dia
                  líquido
                  verbo
Ah, verso, se eu fosse poeta te daria poesia.

                  Fátima Fonseca
com unhas de morder
riscar chão
escritos por rios
ainda vou lavar pedras
com essa água que murmura.
                     Fátima Fonseca
solta uma palavra:
dengo
minha tia falava de amor
cresci assim...