segunda-feira, 29 de abril de 2019

                                 Fátima Fonseca


Há um versar de viver
de gerúndios
amando aprendendo
de ascender pérolas
apagar mágoas
e plantar gerânios
no corpo do poema.

domingo, 28 de abril de 2019

Esperança

                        Fátima Fonseca
Esse vazio regente
onde zanzam tontos tantos
esse verbo engatilhado
me abalam, não nego.
Mas para curvar a letra  riste
sei  que basta um  fiozinho de luz.
Por isso escrevo:
Esperança!...

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Fui criado no mato e aprendi a gostar das
coisinhas do chão –
Antes que das coisas celestiais.
Manoel de Barros

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Dizem que Cézanne
quando certa vez pintou um quadro
deixando inacabada parte de uma maçã
pintou apenas a parte da maçã
que compreendia.
É por isso
meu amor
que eu dedico a você
este poema
em branco.
Ana Martins Marques

domingo, 21 de abril de 2019


É tão difícil amar
neste mundo imperfeito
é difícil dizer alguma coisa
que não seja um equívoco
é difícil encontrar
o peso correto
das coisas
saber nosso próprio tamanho
olhar alguns bichos nos olhos
pensar com doçura
aproveitar adequadamente a luz
desejar para o pássaro um destino de pássaro,
para a seda, um destino de seda. 
                                        Ana Martins Marques

terça-feira, 16 de abril de 2019

Livro

Meu livro "pés descalços" disponível na loja Amazon.

Palavra

                           Fátima Fonseca
essa palavra
que sabe pisar em ovos
para dizer sem falar
de mágoas e paixão.
que sabe voar nesse verso
mudo
deve ser mesmo essa palavra,
essa boca calada, serena, sem verbos
deve ser mesmo
esse porquê e para quê
deixar o silêncio intervir
sem
palavra.

sábado, 13 de abril de 2019

                       Fátima Fonseca
porém, quieta no meu canto
para conter-me
desaguo na escrita
porque é de alivio profundo
o excesso que escorre
e viaja fora de mim.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Poemas, pedras e Pedrico

                      Fátima Fonseca

Quando comecei a escrever
eu era uma lagarta já alfabetizada que rastejava sílabas
no diário para despir sentimentos
do meu casulo

Acumulava esperas
e carregava a dor de uma pedra portuguesa desgarrada,
uma dor de outras pedras que se perderam.
Criaturas desencontradas.

Minha cartilha escolar
já com orelhas de burro
me escrevia cartas de encorajar assinadas por Pedrico.

Escreva! Escrever desacorrenta  dizia meu Pedrico.
Obediente, inacabada
segui escrevendo...
Ora poemas ora pedras.

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Tenho (homenagem a Fernando Pessoa)

                      Fátima Fonseca
Tenho

eu tenho comigo o afligir de uma dor que deveras sinto.
nunca me vi nem achei
carrego o não saber de quantas almas tenho
e sei enfim que nunca saberei de mim

herdei de meus pais fé em Nossa Senhora
tenho Fátima no nome
alma brunhida com um “q” de Portugal

mas,o que me dói não é
o que há no coração
mas essas coisas lindas 
que nunca existirão...

por isso, bebo de suas palavras
com uma esperança bem morrida de poesia
de um porvir encontro estrelado
com você Fernando em pessoa.