sábado, 18 de junho de 2016

Ela escreve...

                                                                 Adriano Dias
Ela escreve como quem vive.
Tece seu chão, paredes, ar que respira,
os seres de companhia feitos nas letras,
às madrugadas lentas, nunca dormidas,
certa das palavras serem sua vida,
como se a vida mesma,
árdua, cotidiana, difícil,
essa que acorda de relance
e exige nosso diário sacrifício,
fosse a página do divertido romance
que lê nas horas vagas,
pois que lhe acaba,
fecha o volume e volta às formas abstratas:
catedrais, florestas, deidades,
sua mais profunda realidade,
sempre a conceber, riscar, rabiscar,
até que escapam dos papéis,
rolam pela sala, espalham-se pelo ar,
invadem-lhe os mundos todos.
Acham-na louca, os tolos,
acham fuga, o viver assim, introspectiva,
o que para o resto é fantasia.
Ela, alheia, escolhe o sonho -
não o que frustra, sonhado morto
pela massa faminta
(os ricos dinheiros, luxos, conforto),
mas o que constrói com tinta:
os poemas que habita.
Será seu legado
nessa existência torta, bamba,
deixar, quando deixar as vidas (ambas),
como rastro, alternativa, como 'ou',
o reino das letras que a vida toda inventou...

quarta-feira, 15 de junho de 2016

escarlate



Meu coração palpitava
era como se pássaros
batessem asas dentro de mim.
Por detrás das folhas em murmúrios
olhos avermelhados
me espiavam
a pitangueira era a mesma.   
                                         Fátima Fonseca

Quando chegares
sacode lá fora
teus sapatos
tua roupa
teus cabelos
Não magoes
meus olhos com este excesso
de luz.                                             Yeda Bernis

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Oceano de estrelas
terra de acasos
prisoneiro sou
das Minas lágrimas
Rimas de tolas saudades
                                        Kleber Auad

domingo, 5 de junho de 2016

recostada na cadeira adormeci
entre  minhas mãos: Manoel de Barros
 “ o dia morreu aberto em mim.”  ffonseca
Uma angustia me sonda
Um raio de sol me olha
Bom dia !
Hoje tem poesia
E eu me livro nas páginas 
                                 Fátima Fonseca



                                             Fátima Fonseca
Minha mocidade ardente audaciosa
tinha sede de belos horizontes
o desejo  impedia de ter medo
e eu era inteiramente cosmopolita.
Agora me pergunto: 
onde deixei pendurado o meu avesso.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

A flor da pele

                                            Fátima Fonseca

Minhas emoções
vivem suas estações

às vezes flores...
às vezes espinhos...

tácitas ou escorregadias
a flor da pele.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

TOM SOBRE TOM

                            Leo Cunha

Vovó Violeta
bordou uma jaqueta
bordô
com linha vinho.
Aliás, lilás…