quarta-feira, 17 de maio de 2017

O dia amanhece.
O galo canta.
Eu não posso cantar de galo.
Nunca sei se vou amanhecer. Fátima Fonseca
 minha atração pelos loucos equilibra entre a razão  e poesia.
minha intenção é de ser lúcida. Fátima Fonseca

                              Fátima Fonseca
no reino animal já fui crocodilo
rasteiro  silencioso  pele polida.
mordida certeira ou traiçoeira?
quantas vestes meu poema precisa?

homenagem ao escritor Paul Celan



                                                                              Fátima Fonseca
A ponte que atravessa o rio Sena
um dia abriu os braços e  murmurou:

Em meus lençóis há deleite.
Tenho sombra e flores para enfeite.
Venha calar suas feridas.
Posso condensar numa só gota sua vida sofrida.

O silêncio amplia o vazio.
O coração da laje começa a bater
Empalidecida  e muda a ponte Mirabeau testemunhou:
Como foi a acolhida para sempre  da rubra estrela pelo  rio Sena
naquela tarde de abril.

E a vida se foi com a água corrente
Num continuo infinito...
escrevendo caminho na cidade luz.


segunda-feira, 8 de maio de 2017

Fernando Pessoa
A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou.
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.


quando pequena
eu gostava de tocar nos bichinhos
alguns logo fingiam de mortos 
aprendi que às vezes
nos também precisamos fingir de mortos
deixar a tempestade passar
e o inimigo desistir
para prosseguir na vida.