sábado, 20 de dezembro de 2014

TANTO FAZ


Edison Gil
Tanto faz se nasce reto
ou se aflora pelo torto,
se opta em ser sequoia
ou se contenta em ser um broto.
Há flores pelo mar
e lírios no esgoto!
Julgar é manter preso
aquilo que está solto
é ancorar pra não voar,
naufragar no cais do horto.
É deixar de cultivar
pra desabitar o próprio porto!

sábado, 13 de dezembro de 2014

palavras de natal

 Ronaldclaver
Faço meu presépio que é seu
com palavras colhidas no dicionário
do coração como
viagem
ternura
delicadeza e margarida
Rabisco outras no caderno
de lembranças como
primavera
lua cheia
amora e carícia
Na ronda noturna dos olhos
a palavra aconchego é be-vinda
paz é palavra suave e terna
Nas ruas de meu corpo
compartilho a palavra
solidariedade e a palavra
justiça
E acendo o sol que aquece
o menino Jesus
com a palavra liberdade.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014


Fátima Fonseca
O dia amanhece.
O galo canta.
Eu não posso cantar de galo.
Nunca sei se vou amanhecer.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014


 Castro Alves
Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n’alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar.
[...]
Bravo! a quem salva o futuro
Fecundando a multidão!...
Num poema amortalhada
Nunca morre uma nação.

domingo, 7 de dezembro de 2014

ao seu lado

Fátima Fonseca

senti amada e tive  carências saciadas
também tive  desprezo e senti solidão.
ao seu lado
enxerguei  todas as flores, tive todos os beijos, vivi todos os delírios
amei e desejei vida eterna
também estive no limiar da loucura e senti vontade de morrer.
Ao seu lado
compartilhei   sorrisos
e escondi lágrimas que derramei
amor e desamor
desamor e amor


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Soneto do Desmantelo Azul

Carlos Pena Filho
Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori, as minhas mãos e as tuas.
Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.
E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul  também cansaço.
E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.