segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Pode ser que cor exista

                                             
Maria  Apparecida  de  Mattos
Poderia  ser  uma  medusa.
Sem  cérebro.
Porém  não  sou.
E  meu  cérebro  fabrica.
Da  luz  fabrica  cores.
E  mais:  dá-lhes  sentido.
Sensação  é  simples,
diga-o  (se  puder)  a  medusa.
Sentido  não  é  simples.
Você  que  o  diga.
Por  mim,  posso  afiançar:
tenho  passado  a  vida
a  colher  flores  vermelhas
vivas  e  desbotadas.
A  chafurdar  em  lodaçais  putrefatos
verdes   cadavéricos.
A  delirar  em  azulados
ensopados  de  promessas.
A  trocar  de  máscara
a  cada  encontro  novo,
amarelo-biliosa,
cor - de - rosa  pueril,
pseudosséria  amarronzada,
negra  chique  ou  sorumbática.                10/ago./2016
E  a  colorir  sentidos,
seja  lá  o  que  isto  signifique.              
Jura  que  nunca  na  vida
tentou  matizar  algum  sentido?

2 comentários:

  1. A vida em versos e cores, em sabores e dissabores, amores e dores!

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  2. Colorir sentidos...mesmo não sabendo o que significa. Na prática, amacia o caminho. Lindo poema!

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