Então é natal?
quero um poema
sem algemas
despido de datas
enfeites,
presentes...
apenas justiça
Escrevo nas paredes velhas caiadas.
Seguem-me as palavras
que pastam descalças
no árido sertão,
Segue-me o cerrado,
retorcido,
resistente.
E aos poucos vou me escrevendo, gravetando,
de
verso em verso
sílabas de águas minguadas
assopro seco de poesia.
ffonseca
Esse nó dobrado
na garganta do tempo
Numa ponta a realidade
na outra o devaneio.
E porque a realidade
tem mãos de ferro,
dentes de leão,
caminha nua e crua aos pés da cova,
Ela sempre deu um jeito
de flertar com as estrelas,
desaparecer com as nuvens,
bater asas no céu de um verso.
Questionam sua lucidez
dizem que é delírio.
ff