domingo, 12 de novembro de 2017

AFLIÇÃO DE UM JOVEM POETA


                                         Adelaide Petters Lessa

Ele: Livro de poesia
        é como
        teia de aranha.

Ela: Prende a folha, prende a chuva,
        rehidrata a sobrevida.

Ele: É coleta de sangue,
        balanço de suor, colcha de pranto,
        esperma, linfa, baba,
        é mordida, auto-defesa.

Ela: Mas, pelo design,
        espantosa, delicada geometria ...

Ele: Estrela, sistema solar,
        mandala no ar, exágono de êxtases.

Ela: ... sujeita a riscos,
            vendavais, tempestades,
            pedras e lava,
            e críticos impérvios.

Ele: O analfabeto rasga.
        O cego pisa.

Ela: E a mãe conserva,
        entre pétalas de rosa
        e penas caídas,
        azuis, de periquitos.




Nenhum comentário:

Postar um comentário