Dizem
que entre nós
há
oceanos e terras com peso de distância.
Talvez.
Quem sabe de certezas não é o poeta.
O mundo
que é nosso
é
sempre tão pequeno e tão infindo
que só
cabe em olhar de menino.
Contra
essa distância
tu me
deste uma sabedora desgeografia
e
engravidando palavra africana
tornei-me
tão vizinho
que
ganhei intimidades
com a
barriga do teu chão brasileiro.
E é
sempre o mesmo chão,
a mesma
poeira nos versos,
a mesma
peneira separando os grãos,
a mesma
infância nos devolvendo a palavra
a mesma
palavra devolvendo a infância.
E
assim,
sem
lonjura,
na
mesma água
riscaremos
a palavra
que
incendeia a nuvem.
MIA
COUTO
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