quarta-feira, 19 de novembro de 2014

como uma faca que abre a manhã
tenho os órgãos completos de anoitecimentos.
borboletas jantam minha boca espessa
e me abrem com pedidos graves.

inauguro leitos e esquinas
e guardo no sutiã
um discurso escuro.
meus seios se esgarçam
se esquivando do cheiro que ficou encarnado,
mas encontram quinas.
então o músculo a noite
escorre como grade nas palavras
que parecem ter a potências das pedras.

recosturo o mamilo com a mesma faca
que abre a manhã
e a reinvento flor fome demência
e me danço e me acho no dentro
de uma borboleta ensopada.(ANONIMO)

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