segunda-feira, 14 de maio de 2012

Expectativa



Henriqueta Lisboa


Neste instante em que espero
uma palavra decisiva, 
instante em que de pés e mãos
acorrentada estou, 
em que a maré montante de meu ser 
se comprime no ouvido à escuta, 
em que meu coração em carne viva 
se expõe aos olhos dos abutres
num deserto de areia, 
— o silêncio é um punhal
que por um fio se pendura
sobre meu ombro esquerdo.


E há uma eternidade 
que nenhum vento sopra neste deserto!

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