Sebastião Aimone Braga
O
samba corria solto na Escola de Samba Febeapá, que mais uma vez
homenageava seu criador, Stanislaw Ponte Preta. É que o país não
toma jeito e o Festival de Besteiras que Assolam o País continua e,
dia a dia, acordamos assustados com notícias de Jesus Cristo
aparecendo na goiabeira (prefiro na Mangueira), cristãos pegando em
armas em nome da paz, meninos e meninas a usar azul e rosa
respectivamente, Ministro da Educação errando feio até na
ortografia, milicianos protegidos na Justiça...
Este
ano, alas e alegorias fazem homenagem à importância da acentuação
no uso da nossa língua. Pra começar, falavam que os cágados são
os que mais sofrem. Realmente, cria-se algum constrangimento, mas os
doídos também sofrem quando chamados de doidos, a dor aumenta.
Parece propício à política atual quando, nas igrejas, esquecem o
acento na frase: Deus gostaria que nos amássemos. Vira argumento pra
arminha na mão, inclusive com crianças no colo, e saiam do meu
caminho índios, negros, pobres, ecologistas, desafetos, mulheres,
gays e qualquer pedra no caminho. Tudo em nome do combate à
corrupção. E o povo, já
pergunta com maldade: onde está a honestidade? Onde está a
honestidade?!...
A
ala das sábias já cantava a pedra há tempos, conhecendo rebeldia
em quartéis, mente confusa, grosserias, preguiça de 30 anos no
Congresso, desmandos e prepotência familiar na corte do Rio de
Janeiro, terra de tanto samba. Ela já sabia de evidências, que se
tornaram verdades. Junto a ela, as sabiás cantavam um país de
palmeiras e povo cordial, misturando realidades com berço
esplêndido. Insistiam no lirismo, tentando abafar o brado retumbante
de um povo nada heróico, mais acostumado com o autoritarismo herdado
e cultivado nas casas grandes e senzalas. Mas as sabiás têm lá sua
importância: em Tons e Chicos, viniciamente, insistem em cantar o
refrão: Vou voltar, sei que ainda vou voltar.
A
Escola tem ainda nas suas evoluções um bloco destinado aos messias.
Sim, o povo sempre espera de braços cruzados um messias, que venha
fazer o que ele não faz como cidadão. Ser educado custa, dar bom
dia só quando está de bom humor ou interessado, respeitar a faixa
de pedestre quando estou nela e, cheio de razão, criticar as
roubalheiras porque não estou nessa boquinha. Ou acreditar num mito
de boca suja, porque não gosto de frescuras e leituras. Cada um no
seu lugar, desde que não me incomode e deixe minha escola de samba
passar.
Vai
passar. Mesmo que o samba não tenha nada de popular. Os Estados
Unidos e os que pensam que nele estão incluídos. Os banqueiros no
alto dos carros alegóricos, chicote nas mãos sedentas de lucro e
petróleo. Riquezas roubadas e doadas.
Um
sucesso a Escola e continuamos assistindo, no conforto aparente da
sala, as evoluções das besteiras que continuam assolando o país.
PT saudações!
03.março.2020
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