segunda-feira, 30 de julho de 2018
sábado, 28 de julho de 2018
alento
Fátima Fonseca
escrava
aos poucos me escrevo
as palavras calam em mim
o que me dói é povoado com alento
nunca chego
mas em todos os poemas
me debruço e descanso
escrava
aos poucos me escrevo
as palavras calam em mim
o que me dói é povoado com alento
nunca chego
mas em todos os poemas
me debruço e descanso
segunda-feira, 23 de julho de 2018
Quando
Quando te revelei meu segredo havia uma
flor no asfalto deixada por algum deus
que sabia de nosso comercio. Era noite e a
aurora provavelmente não viria. Assim
mesmo permaneci enigmático em
teus olhos mágicos. Ronal Claver
flor no asfalto deixada por algum deus
que sabia de nosso comercio. Era noite e a
aurora provavelmente não viria. Assim
mesmo permaneci enigmático em
teus olhos mágicos. Ronal Claver
sexta-feira, 20 de julho de 2018
Falar
Ferreira Gullar
A poesia é, de fato, o fruto
de um silêncio que sou eu, sois vós,
por isso tenho que baixar a voz
porque, se falo alto, não me escuto.
A poesia é, na verdade, uma
fala ao revés da fala,
como um silêncio que o poeta exuma
do pó, a voz que jaz embaixo
do falar e no falar se cala.
Por isso o poeta tem que falar baixo
baixo quase sem fala em suma
mesmo que não se ouça coisa alguma.
A poesia é, de fato, o fruto
de um silêncio que sou eu, sois vós,
por isso tenho que baixar a voz
porque, se falo alto, não me escuto.
A poesia é, na verdade, uma
fala ao revés da fala,
como um silêncio que o poeta exuma
do pó, a voz que jaz embaixo
do falar e no falar se cala.
Por isso o poeta tem que falar baixo
baixo quase sem fala em suma
mesmo que não se ouça coisa alguma.
segunda-feira, 16 de julho de 2018
poetas nosso de cada dia
Fátima Fonseca
poetas nosso de cada dia
vocês me convencem de coisas lindas
que vocês vêem.
por isso
vivo querendo ser verso.
poetas nosso de cada dia
vocês me convencem de coisas lindas
que vocês vêem.
por isso
vivo querendo ser verso.
segunda-feira, 9 de julho de 2018
O que tenho de Capitu em mim
Fátima Fonseca
quando conheci Machado de Assis
eu era Capitu
raios e trovão
ideias atrevidas
olhos de cigana
e toda coisa em mim era sentimento
hoje?
às vezes sua presença ainda me invade
com sua voz soprada e ríspida
emoção?
ela se foi como uma fruta madura
que vira adubo
ilusões desfazendo... morrendo...
a vida passando
eu abismada com a indiferença
choro com as palavras
e elas choram comigo.
quando conheci Machado de Assis
eu era Capitu
raios e trovão
ideias atrevidas
olhos de cigana
e toda coisa em mim era sentimento
hoje?
às vezes sua presença ainda me invade
com sua voz soprada e ríspida
emoção?
ela se foi como uma fruta madura
que vira adubo
ilusões desfazendo... morrendo...
a vida passando
eu abismada com a indiferença
choro com as palavras
e elas choram comigo.
sexta-feira, 6 de julho de 2018
quinta-feira, 5 de julho de 2018
rebelde
Fátima Fonseca
ela se espelhava também naquela pedrinha portuguesa
desgarrada, extraviada
indiferente
livre a transbordar de ternura.
segunda-feira, 2 de julho de 2018
Santo dos Anjos
Iolanda Braga
Deu de bulir na prainha um boato calado,
flor e farpa no sertão, reza de índio, encantados.
Tem coisa que só é. Nem santo, nem anjo,
nem palavreado arrumado explica.
Vida e desviver é revirado, é aperreio.
Tudo junto e misturado, sino e sacristão;
um existir derramado em lombo de boiadeiro.
Corpo fechado do caboclo... extrema unção?
A morte é coronel da vida... redemoinho?,
tem poder de empurrar o que é certeiro
pra outra ocasião?
Podia ser só burburinho, vadiagem das línguas.
Mas é não! Deu de confirmação! Arremedo!
Velho Chico bebe o verbo, o corpo inerte.
Água doce engole... e amarga a vida goela abaixo.
Bebe, ácida, a lúdica lágrima do palhaço.
Na corda bamba, corre agora, em etílico estado.
Sol e sal, e um gosto de desgosto no seu dorso.
Tão bulino com seu leito, Mano Veio!
Que jeito malarrumado, meu Deus!!!
No Velho Chico, palhaço sonha oceano...
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