segunda-feira, 2 de julho de 2018

Santo dos Anjos


                                                           Iolanda Braga
Deu de bulir na prainha um boato calado,
flor e farpa no sertão, reza de índio, encantados.
Tem coisa que só é. Nem santo, nem anjo,
nem palavreado arrumado explica.
Vida e desviver é revirado, é aperreio.
Tudo junto e misturado, sino e sacristão;
um existir derramado em  lombo de boiadeiro.
Corpo fechado do caboclo... extrema unção?
A morte é coronel da vida... redemoinho?,
tem poder de empurrar o que é certeiro
pra outra ocasião?
Podia ser só burburinho, vadiagem das línguas.
Mas é não! Deu de confirmação! Arremedo!

Velho Chico bebe o verbo, o corpo inerte.
Água doce engole... e amarga a vida goela abaixo.
Bebe, ácida, a lúdica lágrima do palhaço.
Na corda bamba, corre agora, em etílico estado.
Sol e sal, e um gosto de desgosto no seu dorso.
Tão bulino com seu leito, Mano Veio!
Que jeito malarrumado, meu Deus!!!
No Velho Chico, palhaço sonha oceano...

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