quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Natal de inverno

                              
                                      Maria  Apparecida  de  Mattos

Pela  octogésima  terceira  vez
pego  a  trilha  do  presépio.
Saudade  dos  tempos
em  que  levei  para  o  Menino
o  coração  recheado
de  chocolate  e  açúcar-cande,
granito  bruto  de  crença,
espáduas  indefesas
das  chibatadas  da  vida.

Preciso  de  cajado,
as  pernas  bambeiam
e  os  pulmões  arquejam.
Coração  com  algumas  cicatrizes
costuradas  pela  fé,
granito  esculpido
com  ferramentas  de  dor  e  esperança,
entrega  pura
na  manjedoura  simples,
tão  simples  como  meu  gesto  de  amor
neste  Natal.
A  neve  cobre  meus  cabelos,
mas  o  milagre  do  Espírito
incendeia-me  a  alma.

                 1º/12/2017



              

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