Neuza Lima
E o sol invasivo
entra pelas frestas
dos meus vazios
e os acorda das trevas.
Arranca com violência
os trapos negros
que os encobria faz tempo,
naquele velho sótão
chamado corpo.
Seu jato de luz cortante,
lamina afiada brilhante,
à fórceps,
traz luz às minhas prematuras trevas,
Nasce um ser torto,
carente, serpente,
engolidor de gente.
De repente. Serpente.
Arrasto-me sinuosamente subindo e descendo
em busca de saída nos fachos de luz,
que salteiam por todo canto,
até cair abatida e aterrada
em pressão e ausência.
Não há saída.
Estou presa no clarão dos meus vazios.
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