segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Depressione.

                                    Neuza Lima

E o sol invasivo
entra pelas frestas
dos meus vazios
e os acorda das trevas.

Arranca com violência
os trapos negros
que os encobria faz tempo,
naquele velho sótão
chamado corpo.

Seu jato de luz cortante,
lamina afiada brilhante,
à fórceps,
traz luz às minhas prematuras trevas,

Nasce um ser torto,
carente, serpente,
engolidor de gente.

De repente. Serpente.
Arrasto-me sinuosamente subindo e descendo
em busca de saída nos fachos de luz,
que salteiam por todo canto,
até cair abatida e aterrada
em pressão e ausência.

Não há saída.
Estou presa no clarão dos meus vazios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário