quarta-feira, 8 de novembro de 2017

                                                           Isaac  Ramos

CARDÁPIO LÍRICO
Sirva-me tua concha molhada de versos
Sirva-me um verbo lambuzado de gestos
Sorva-me em gotas como delírios poéticos
Embriaga-te com lírios
Enquanto tocas liras inconfessas.

DOCE METÁFORA
O teu canto é uma nota solta
O teu grito uma carícia frouxa
O teu pranto uma gota louca
Mas o que mais admiro em você
É esse incrível sabor de metáfora.
(RAMOS, 2007, p. 1).

ÚLTIMO POEMA
Sangro centelhas líquidas e dementes
Deságuo em uma mulher exposta ao seu holocausto
Absorvo-a em doses duplas de pecado
Sirvo-me no seu cálice rubro de recato.
Bebo-a em sacrifício silente
Mordo enseadas úmidas de metáforas
Extasio-me na tinta verde dos seus olhos tintos
Liquefaço-me em ritmos que a deliciam.
Gota a gota embebo-a em venenos
Retiro dela o mais puro antídoto
Que evapora nas dobras de um poema
Enquanto escrevo nela o dilema da minha poesia.
(RAMOS, 2007, p. 3).


CONCHAS DE SILÊNCIO

Eu me visto com conchas de silêncio
Solto um grito de verso
Que escorre
Nas areias do deserto...
O oásis me contagia de sinestesias.

TINTAS

Tanto me tentas com tuas tintas
Que tuas tintas tanto me pintam

Tanto me pintas nas tuas linhas
Que tuas linhas tanto me rabiscam
Tanto rabiscas nas minhas páginas
Que minhas páginas tanto me tentam.,

Tintas, tentas, pintas, linhas.
Rabiscas os meus rascunhos
Que eu te passo a limpo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário