quinta-feira, 28 de julho de 2016
A bica da escrita
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Maria Apparecida de Mattos
No jardim do meu peito
brotou uma bica.
Fininha como quê,
mas insistente.
Tira força do mais fundo
do fundo do coração.
Brotou uma bica da escrita
no gramado do meu peito.
Em volta dela há florinhas
com vergonha dos meus sonhos,
às vezes bem buliçosos,
garrulices de criança.
Volta e meia, borboletas
rodeiam a água da bica
carregando em suas asas
toda uma pinacoteca.
Recolho com a ponta do lápis
as lembranças e saudades
que os quadros das borboletas
conseguiram registrar.
Depois de banhar na bica,
transformo na ponta do lápis
os quadros das borboletas
em palavras acanhadas,
que vou mandando aos amigos
e a todos os meus queridos,
palavras colhidas no meio
do lado esquerdo do peito.
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