Adriano Dias
Ela escreve como quem vive.
Tece seu chão, paredes, ar que respira,
os seres de companhia feitos nas letras,
às madrugadas lentas, nunca dormidas,
certa das palavras serem sua vida,
como se a vida mesma,
árdua, cotidiana, difícil,
essa que acorda de relance
e exige nosso diário sacrifício,
fosse a página do divertido romance
que lê nas horas vagas,
pois que lhe acaba,
fecha o volume e volta às formas abstratas:
catedrais, florestas, deidades,
sua mais profunda realidade,
sempre a conceber, riscar, rabiscar,
até que escapam dos papéis,
rolam pela sala, espalham-se pelo ar,
invadem-lhe os mundos todos.
Acham-na louca, os tolos,
acham fuga, o viver assim, introspectiva,
o que para o resto é fantasia.
Ela, alheia, escolhe o sonho -
não o que frustra, sonhado morto
pela massa faminta
(os ricos dinheiros, luxos, conforto),
mas o que constrói com tinta:
os poemas que habita.
Será seu legado
nessa existência torta, bamba,
deixar, quando deixar as vidas (ambas),
como rastro, alternativa, como 'ou',
o reino das letras que a vida toda inventou...
sábado, 18 de junho de 2016
quarta-feira, 15 de junho de 2016
escarlate
Meu coração palpitava
era como se pássaros
batessem asas dentro de mim.
Por detrás das folhas em murmúrios
olhos avermelhados
me espiavam
a pitangueira era a mesma.
Fátima Fonseca
segunda-feira, 13 de junho de 2016
domingo, 5 de junho de 2016
sexta-feira, 3 de junho de 2016
A flor da pele
Fátima Fonseca
tácitas ou escorregadias
a flor da pele.
Minhas emoções
vivem suas estações
às vezes flores...
às vezes espinhos...
tácitas ou escorregadias
quarta-feira, 1 de junho de 2016
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