quinta-feira, 19 de novembro de 2015

máquina de costura (homenagem a minha tia Cida. amor desdobrado em materno e poesia)


                                                           Fátima Fonseca
bastou eu receber da amiga Antônia  
a foto daquela máquina de costura  
que desabotoou dentro de mim 
os seus pés pedalando 
os carreteis 
as fitas 
os tecidos de florzinhas miúdas...
e as sábias palavras da minha tia Cida 

sinto seu ar triste e meigo 
fazer cafuné nos meus olhos de suplicio 

agora quem es tu que esvais demente, trêmula, atrofiada? 
estas em mim e fora de mim 
Senhor que fazer com esse desfecho? 
que fazer com tanta angustia? 

costureira de mão cheia 
sua arte era cerzida de poesia 
me lembro que as vezes recusava um convite qualquer dizendo: 
"não posso! estou apertada de costura"

impotente diante do quadro 
só me resta elevar uma oração 
fé que me ensinaste.  

Um comentário:

  1. Lindo Fátima, quanto sentimento! Também tenho a máquina da minha avó, até já coloquei no blog também. Continue deixando a emoção vir, está muito viva no poema. Parabéns! Márcia

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