quinta-feira, 8 de maio de 2014

palavras

 Eugênio de Andrade
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?


2 comentários:

  1. Tenho apreciado cada vez mais esse belo poeta português. Merece mais postagens no seu blog, Fátima!

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    1. Então, foi através de você que conheci esse grande poeta. Obrigada Tião.

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