quinta-feira, 20 de março de 2014

A RENDEIRA


Adriano Espínola

Na teia da manhã que se desvela
a rendeira compõe seu labirinto,
movendo sem saber e por instinto
a rede dos instantes numa tela
Ponto a ponto, paciente, tenta ela
traçar no branco linho mais distinto
a trama de um desenho tão sucinto
como a jornada humana se revela.

Em frente, o mar desfia a eternidade
noutra tela de espuma e esquecimento
enquanto, entrelaçado, o pensamento
costura sobre o sonho a realidade.

Em que perdida tela mais extrema
foi tecida a rendeira e este poema?

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