terça-feira, 13 de novembro de 2012

Alberto Caeiro



O amor é uma companhia
O amor é uma companhia. 
Já não sei andar só pelos caminhos, 
Porque já não posso andar só. 
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa 
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo. 

Mesmo a ausência dele é uma coisa que está comigo. 
E eu gosto tanto dele que não sei como o desejar. 
Se o não vejo, imagino-o e sou forte como as árvores altas. 
Mas se o vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dele. 

Todo eu sou qualquer força que me abandona. 
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dele no meio. 



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