sábado, 30 de agosto de 2025

Com Ronald Claver a poesia pede passagem


O rio não tem pressa

Em virar mar

Porque sabe os caminhos

(Ronald Claver)


Você será sempre uma poesia, Ronald. A eternidade é o pouso do amor de Deus. Amor em verso e afeto. Agora, tocado por esse amor, sua morada é o pouso da memória. Ao lado de outros poetas, você já tem seu posto no “Olimpo Sagrado dos Versos”. E, juntos, vão contar h[i]stórias, rimando liberdade, beleza e amor. Agora, “escrever sem doer” será um eterno “Para Casa”. Nesse caminho o projeto “Poesia com cachaça” vai continuar tanto aqui como no “Al di là della vita”. Nós continuaremos com a cachaça e você terá que mudar para o vinho. Sua nova turma é vidrada no “Cadernet Sauvignon”.

Agora você volta para os começos e deixa a semente da palavra para construção de um mundo mais humano “porque sabe os caminhos”.

Conversamos tanto no Coltec, na OAP, no bar do João, nos rituais da “Poesia com Cachaça”! Suas mensagens serão memórias vivas. 

É hora agradecer... amar... cuidar.

Ter os olhos voltados para o sol.

Ter o coração tranquilo.

 E guardar uma semente de esperança para a flor da vida não secar. Como você escreveu: “A esperança é um segredo que se revela no encontro. E a palavra, que é pão e sonho, desafia a mesmice e a tirania das coisas e dos homens”. (“Palavras ao vento”, OAP).

Quero terminar com suas palavras sobre poesia – uma forma de suavizar sua perda, poeta. “A poesia não pode ficar confinada em bibliotecas e salas de aulas. Ela gosta de alardear a sua prosa, gosta de grande espaços, vozes, gente. A poesia, assim como o pão e salário, deve fazer parte de nosso cotidiano. A poesia não escolhe lugar para comparecer. Ela está aqui, ali, alhures. Já disse em uma das minhas falas que a poesia está na plumagem dos mares, no voo das cachoeiras, na pele das tempestades, no barulho do silêncio, na velo acrobacia dos peixes, no verde sol e no ver do olho que tudo vê e não vê. A poesia? É só abrir os olhos e ver”. Para você, Ronald, a poesia é uma fonte por onde tudo passa e algumas coisas ficam. Sua poesia vai continuar brilhando como bagagem de vida!

Seu amigo e colega.

(Mauro Passos)

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

terça-feira, 26 de agosto de 2025

O vento

 O vento em desassossego pousou viraçao  na margarida ainda há pouco tão sonolenta no seu cantinho.

provocou desilusão no seu canteiro.

Depois ele retorna, altivo e pergunta: 

Por que estás assim tão despetelada e sem brilho?

Nem tudo é para ser entendido.

FF

Saudades eterna

 .

          Tia (Cida)


Um dia

minha tia querida 

me descreveu como uma rosa

isso me despertou

o desejo de tentar florir


Nos alinhavos

nos remendos

nos riscos bordados

habitavam sonhos...


       Fatima Fonseca

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

 Não sou pra todos. Gosto muito do meu mundinho. Ele é cheio de surpresas, palavras soltas e cores misturadas. Às vezes tem um céu azul, outras tempestade. Lá dentro cabem sonhos de todos os tamanhos. Mas não cabe muita gente. Todas as pessoas que estão dentro dele não estão por acaso. São necessárias.


(Caio Fernando Abreu)

domingo, 17 de agosto de 2025

Eu serei poesia

 

A poesia está em mim mesma e para além de mim mesma.
Quando eu não for mais um indivíduo,
eu serei poesia.
Quando nada mais existir entre mim e todos os seres,
os seres mais humildes do universo,
eu serei poesia.
Meu nome não importa.
Eu não serei eu, eu serei nós,
serei poesia permanente,
poesia sem fronteiras
                   Jacinta Pessoa

sábado, 16 de agosto de 2025

Pai

 Posso dizer que tive dois pais:

Do meu querido pai biológico, manso,  monossilabo ouvir dizer do amor. 

Do meu querido avô materno com quem convivi. Pessimista, austero, descrente, ouvir dizer das  injustiças  e desigualdades no mundo.

As flores raras e especiais eu  colhi entre espinhos nos cactos resistentes.

Nem monossílabo, nem rubro verbo

Minha fragilidade e meus desequilibrar pelos descaminhos

sempre tive ao meu aprouver o doce e o fel 

e outros mais que inventei.

Hoje escolhi a palavra gratidão entre o contraste. Desse con(viver), certo, incerto...

FF

domingo, 10 de agosto de 2025

mundo da lua

 



Escrevo lua

e ela cai do firmamento

para meus dedos tocarem.

FF

Traiçao

 



A traição foi uma das melhores aula na escola da vida. Aprendi o desapego, e que ninguém é fonte da minha felicidade. Aprendi  o gosto pela liberdade sem amarras.

FF

Escrever



Hoje, escrevo.


"E escrever é isso: pular de um rochedo para o mar, à meia-noite, enquanto a floresta pega fogo."

Agualusa



 "Adoro a ambivalência poética de uma cicatriz, que tem duas mensagens: aqui doeu, aqui curou".

sábado, 9 de agosto de 2025

 A vida é feita de nadas;

De grandes serras paradas

À espera de movimento;

De searas onduladas

Pelo vento; 


De casas de moradia

Caídas e com sinais

De ninhos que outrora havia

Nos beirais; 


De poeira;

Da sombra de uma figueira;

De ver esta maravilha:

Meu Pai a erguer uma videira

Como uma Mãe que faz a trança à filha. 


                    Miguel Torga

terça-feira, 5 de agosto de 2025

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

agosto


 Folhas ressequidas...

ventos de agosto


tá caindo folhas e flores ...

porque renovar é preciso:

as vestes, o olhar, os valores 

o conhecimento, os conceitos..

FF