segunda-feira, 5 de maio de 2025

 Minha irmã Mara, me liga e  ofegante me disse:

Judith morreu. Ah, meu Deus, Judith morreu!

_Judith irmã da Toninha? Perguntei.

_Sim ela mesma. 


_Estava doente? O que aconteceu?

_E agora como vai ficar a Toninha? 


Toninha morou em nossa casa lá no interior desde pequena, ajudava nossa mãe nas tarefas domésticas.

Muito querida  por todos nós. Hoje idosa e com problemas de saúde mora em sua casinha no mesmo bairro nosso. A  Judith sua irmã mais nova mas já com 60 anos morava com ela. Cozinhava, lavava e levava a irmã ao culto todos domingos. Ambas, nunca namoraram. Solteiras, evangélicas e alienadas aos preceitos da religião. 


_Então, o que aconteceu com Judith?

Minha irmã respodeu:

Fiz a mesma pergunta pra Toninha e ela me disse: 

Olha, ultimamente a Judith andava muito estranha. Ficava horas aí no sofá com as mãos entrelaçadas na cabeça.  O almoço não saia mais no horário parecia uma tonta. Sei não, mas desde que O Dôdô esteve aqui ela ficou assim.

_E quem é Dôdô? 

_Um Senhor que veio consertar a torneira da pia. Ele é viúvo e começou a jogar confetes nela. 

_E ela? 

_Uai ela tava toda selelé, feliz da vida. Andaram se esfregando por aí. 


E hoje quando acordei ela estava  morta.

Deus me perdoe, mas acho que ela saiu dos trilhos. Desobediência. 



A minha irmã me disse que também achou ela esquisita, emudecida nos últimos dias. Mas pensou ser apenas uma tristeza. 


Que nada!

Uma avalanche de emoções para quem vivia na quietude.

O coração não aguentou.

Minha avó dizia: todo excesso  faz mal e pode até levar a morte.

Comentarios no velório:

Morreu com borboletas no estômago !

Overdose de paixão!

Morreu feliz!


Fatima Fonseca

Obs. Nomes fictícios 


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