terça-feira, 27 de maio de 2025

Haicai

 Até as pedras se encontram... 


No fundo do verso

pedra sobre pedra

encontro inesperado

fatimafonseca

domingo, 11 de maio de 2025

Centenário de Rubem Fonseca

 

Uns fogem do amor e outros procuram com sofreguidão, mas no fim o que fica, em todos, é a mesma coisa, uma insuportável sensação de vazio.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

 

Por que escreve?
Manoel de Barros

"Minha relação com as palavras é orgástica. Escrevo porque preciso ter relações com elas para viver em paz. Depois que uso uma palavra nova, ela me beija. Quer dizer que gostou de mim. Eu sou de bem com

as palavras que uso porque elas me são".

Mistério

 

Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.

Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.

Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…

Talvez um dia entenda o teu mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!

Florbela Espanca

Maio

 


Há um perfume no ar que adentra Maio

FF

 A caminhada começa com o primeiro passo 

no caminho um doer, 

uma esperança,  

agora deitada no verso 

vislumbro uma ressurreição verde 

me cobrindo de luar 

FFonseca


Escrever...

 Escrevo, porque ainda tenho ilusões e a vida é muito dura sem elas.

FFonseca

segunda-feira, 5 de maio de 2025

 Minha irmã Mara, me liga e  ofegante me disse:

Judith morreu. Ah, meu Deus, Judith morreu!

_Judith irmã da Toninha? Perguntei.

_Sim ela mesma. 


_Estava doente? O que aconteceu?

_E agora como vai ficar a Toninha? 


Toninha morou em nossa casa lá no interior desde pequena, ajudava nossa mãe nas tarefas domésticas.

Muito querida  por todos nós. Hoje idosa e com problemas de saúde mora em sua casinha no mesmo bairro nosso. A  Judith sua irmã mais nova mas já com 60 anos morava com ela. Cozinhava, lavava e levava a irmã ao culto todos domingos. Ambas, nunca namoraram. Solteiras, evangélicas e alienadas aos preceitos da religião. 


_Então, o que aconteceu com Judith?

Minha irmã respodeu:

Fiz a mesma pergunta pra Toninha e ela me disse: 

Olha, ultimamente a Judith andava muito estranha. Ficava horas aí no sofá com as mãos entrelaçadas na cabeça.  O almoço não saia mais no horário parecia uma tonta. Sei não, mas desde que O Dôdô esteve aqui ela ficou assim.

_E quem é Dôdô? 

_Um Senhor que veio consertar a torneira da pia. Ele é viúvo e começou a jogar confetes nela. 

_E ela? 

_Uai ela tava toda selelé, feliz da vida. Andaram se esfregando por aí. 


E hoje quando acordei ela estava  morta.

Deus me perdoe, mas acho que ela saiu dos trilhos. Desobediência. 



A minha irmã me disse que também achou ela esquisita, emudecida nos últimos dias. Mas pensou ser apenas uma tristeza. 


Que nada!

Uma avalanche de emoções para quem vivia na quietude.

O coração não aguentou.

Minha avó dizia: todo excesso  faz mal e pode até levar a morte.

Comentarios no velório:

Morreu com borboletas no estômago !

Overdose de paixão!

Morreu feliz!


Fatima Fonseca

Obs. Nomes fictícios 


quinta-feira, 1 de maio de 2025

 


maio chove flores 

escreve frio em versos

histórias de  grinaldas.


nenhuma ilusão 

me assalta agora

perdi o discurso de amor.

FF