domingo, 12 de outubro de 2025

terça-feira, 7 de outubro de 2025

 

No lugar desconhecido habita o desejo.

 

"Louca para ser livre". Palavras mortas. Ninguém se liberta só com palavras. Ela ficou aqui na casa, sonhando com a liberdade sempre adiada. Um dia eu lhe disse: ao diabo com os sonhos: ou a gente age, ou a morte de repente nos cutuca e não há sonho na morte. Todos os sonhos estão aqui, eu dizia, e ela me olhava, cheia de palavras guardadas, ansiosa por falar.

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

a meu favor

 Tenho a meu favor,

imortal e confidente,

um espantalho

a vigiar o amadurecer do poema

sob os bocejos das madrugadas

ff

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

 Eu queria um sol 

me deram a terra, 

eu queria a terra 

e  

me deram a água, 

mas sou libriana sou do ar.

ff

domingo, 7 de setembro de 2025

Escrever

 

 As vezes escrevo, 

escrevo com desatino 

feito asas com sede de ar 

e semente com fome de terra.


                           Fatima Fonseca

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Se eu gosto de poesia?

 

Gosto de gente, bichos, plantas, lugares, chocolate, vinho, papos amenos, amizade, amor.
Acho que a poesia está contida nisso tudo.


Nunca fui como todos

 Nunca fui como todos

Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

sábado, 30 de agosto de 2025

Com Ronald Claver a poesia pede passagem


O rio não tem pressa

Em virar mar

Porque sabe os caminhos

(Ronald Claver)


Você será sempre uma poesia, Ronald. A eternidade é o pouso do amor de Deus. Amor em verso e afeto. Agora, tocado por esse amor, sua morada é o pouso da memória. Ao lado de outros poetas, você já tem seu posto no “Olimpo Sagrado dos Versos”. E, juntos, vão contar h[i]stórias, rimando liberdade, beleza e amor. Agora, “escrever sem doer” será um eterno “Para Casa”. Nesse caminho o projeto “Poesia com cachaça” vai continuar tanto aqui como no “Al di là della vita”. Nós continuaremos com a cachaça e você terá que mudar para o vinho. Sua nova turma é vidrada no “Cadernet Sauvignon”.

Agora você volta para os começos e deixa a semente da palavra para construção de um mundo mais humano “porque sabe os caminhos”.

Conversamos tanto no Coltec, na OAP, no bar do João, nos rituais da “Poesia com Cachaça”! Suas mensagens serão memórias vivas. 

É hora agradecer... amar... cuidar.

Ter os olhos voltados para o sol.

Ter o coração tranquilo.

 E guardar uma semente de esperança para a flor da vida não secar. Como você escreveu: “A esperança é um segredo que se revela no encontro. E a palavra, que é pão e sonho, desafia a mesmice e a tirania das coisas e dos homens”. (“Palavras ao vento”, OAP).

Quero terminar com suas palavras sobre poesia – uma forma de suavizar sua perda, poeta. “A poesia não pode ficar confinada em bibliotecas e salas de aulas. Ela gosta de alardear a sua prosa, gosta de grande espaços, vozes, gente. A poesia, assim como o pão e salário, deve fazer parte de nosso cotidiano. A poesia não escolhe lugar para comparecer. Ela está aqui, ali, alhures. Já disse em uma das minhas falas que a poesia está na plumagem dos mares, no voo das cachoeiras, na pele das tempestades, no barulho do silêncio, na velo acrobacia dos peixes, no verde sol e no ver do olho que tudo vê e não vê. A poesia? É só abrir os olhos e ver”. Para você, Ronald, a poesia é uma fonte por onde tudo passa e algumas coisas ficam. Sua poesia vai continuar brilhando como bagagem de vida!

Seu amigo e colega.

(Mauro Passos)

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

terça-feira, 26 de agosto de 2025

O vento

 O vento em desassossego pousou viraçao  na margarida ainda há pouco tão sonolenta no seu cantinho.

provocou desilusão no seu canteiro.

Depois ele retorna, altivo e pergunta: 

Por que estás assim tão despetelada e sem brilho?

Nem tudo é para ser entendido.

FF

Saudades eterna

 .

          Tia (Cida)


Um dia

minha tia querida 

me descreveu como uma rosa

isso me despertou

o desejo de tentar florir


Nos alinhavos

nos remendos

nos riscos bordados

habitavam sonhos...


       Fatima Fonseca

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

 Não sou pra todos. Gosto muito do meu mundinho. Ele é cheio de surpresas, palavras soltas e cores misturadas. Às vezes tem um céu azul, outras tempestade. Lá dentro cabem sonhos de todos os tamanhos. Mas não cabe muita gente. Todas as pessoas que estão dentro dele não estão por acaso. São necessárias.


(Caio Fernando Abreu)

domingo, 17 de agosto de 2025

Eu serei poesia

 

A poesia está em mim mesma e para além de mim mesma.
Quando eu não for mais um indivíduo,
eu serei poesia.
Quando nada mais existir entre mim e todos os seres,
os seres mais humildes do universo,
eu serei poesia.
Meu nome não importa.
Eu não serei eu, eu serei nós,
serei poesia permanente,
poesia sem fronteiras
                   Jacinta Pessoa

sábado, 16 de agosto de 2025

Pai

 Posso dizer que tive dois pais:

Do meu querido pai biológico, manso,  monossilabo ouvir dizer do amor. 

Do meu querido avô materno com quem convivi. Pessimista, austero, descrente, ouvir dizer das  injustiças  e desigualdades no mundo.

As flores raras e especiais eu  colhi entre espinhos nos cactos resistentes.

Nem monossílabo, nem rubro verbo

Minha fragilidade e meus desequilibrar pelos descaminhos

sempre tive ao meu aprouver o doce e o fel 

e outros mais que inventei.

Hoje escolhi a palavra gratidão entre o contraste. Desse con(viver), certo, incerto...

FF

domingo, 10 de agosto de 2025

mundo da lua

 



Escrevo lua

e ela cai do firmamento

para meus dedos tocarem.

FF

Traiçao

 



A traição foi uma das melhores aula na escola da vida. Aprendi o desapego, e que ninguém é fonte da minha felicidade. Aprendi  o gosto pela liberdade sem amarras.

FF

Escrever



Hoje, escrevo.


"E escrever é isso: pular de um rochedo para o mar, à meia-noite, enquanto a floresta pega fogo."

Agualusa



 "Adoro a ambivalência poética de uma cicatriz, que tem duas mensagens: aqui doeu, aqui curou".

sábado, 9 de agosto de 2025

 A vida é feita de nadas;

De grandes serras paradas

À espera de movimento;

De searas onduladas

Pelo vento; 


De casas de moradia

Caídas e com sinais

De ninhos que outrora havia

Nos beirais; 


De poeira;

Da sombra de uma figueira;

De ver esta maravilha:

Meu Pai a erguer uma videira

Como uma Mãe que faz a trança à filha. 


                    Miguel Torga

terça-feira, 5 de agosto de 2025

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

agosto


 Folhas ressequidas...

ventos de agosto


tá caindo folhas e flores ...

porque renovar é preciso:

as vestes, o olhar, os valores 

o conhecimento, os conceitos..

FF

quinta-feira, 31 de julho de 2025

sexta-feira, 25 de julho de 2025

"Mulher é desdobrável. Eu sou."

 

arte_celile veilhan

Sublinhados da antologoa "te dou minha palavra"

 Sublinhados: 


I

Chovem folhas oblíquas

para tocarem o chão da palavra (capa)

"Parindo letras

"Construo fendas" Cida

"e o sol já se despedia em reflexos amarelo-palha, uma semente brotou nas fendas" Tião

"semente seguirei tua sombra enquanto espero uma seiva de amor" Imaculada

II

Entre um e outro pingo d'água, me mantinha seca" Rivelli

" nas águas douradas e azuis do meu rio" Silvia

" rio sem limites  corre firme" Marlene

III

"Venho de uma Belo Horizonte cheia de montanhas, rochas..." Lucília

"para ser uma bela cidade é preciso ter um belo horizonte e uma praça chamada liberdade" Raquel

IV

"Que a fada violeta" Vera Flor

"transborda em mim

um mundo

que de mim pinga" Neide

V

"A mudança mostrava a vida curta" Joana D'ark

"A vida um raio que passa

e nós passamos" Marcionila

"Os olhos molhados de medo" Cláudia

VI

" O passado tem suas portas e chaves" Juvêncio

"Saudade é flor retorcida" José Newton

"Eu que te busco nos poemas

nas flores de hibisco do outono" Kathia

"Eternizados em escritas, publicadas ou não" Laura

VII

"Do amor  ou da falta dele, vivem os poetas, os loucos, os narcisistas " Leni

"Para que se faça primavera no meu jardim  da escrita" Núbia

VIII

"Escrever é subir e descer escadas

é percorrer estradas pouco pavimentadas" Solange

"E eu aos poucos vou gravetando escrevendo alguns segredos  só meus " Fátima

"Linguagem  que abarca sentimentos ditos e não ditos. Poesia de viver" Márcia Chagas

"É na urgência do tempo presente que o verbo deve ser conjugado" Maria José

IX

"Escrever é um resgaste" Neuza

"continuar rondando vasculhando os mapas da memória" Ronald Claver

quinta-feira, 10 de julho de 2025

te dou minha palavra

 

    

Faço parte dessa Antologia do meu grupo de Escrita. 

 Esta Antologia da Oficina de Criação Literária, promovida pela OAP-UFMG, é a reunião de 24 escritores,   unidos em torno da palavra, através de contos, crônicas, poemas, reflexões,  resultado de toda uma convivência nas tardes de terça-feira,  no Conservatório de Música da UFMG. 

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Escrever

 "Comecei a escrever quando tinha 8 anos: de improviso, sem me inspirar em nenhum exemplo. Não conhecia ninguém que escrevia e poucas pessoas que lessem... um dia comecei a escrever, sem saber que tinha me acorrentado para a vida a um nobre mas implacável mestre. Quando Deus dá a alguém um dom, também lhe dá um chicote; e o chicote é apenas para se autoflagelar. Mas, claro, eu não sabia...

No início foi muito divertido. Deixou de ser quando descobri a diferença entre escrever certo e errado; e então fiz outra descoberta ainda mais alarmante: a diferença entre escrever bem e arte verdadeira; é subtil, mas brutal. E então o chicote caiu! "



segunda-feira, 30 de junho de 2025

 “Não conhecemos a nossa própria alma, muito menos a alma dos outros. Os seres humanos não andam de mãos dadas por todo o caminho. Há uma floresta virgem em cada um; um campo de neve onde até mesmo a pegada dos pássaros é desconhecida. Aqui vamos nós sozinhos, e é melhor assim. Ter sempre compaixão, estar sempre acompanhado, ser sempre compreendido seria intolerável.”


Virginia Woolf

terça-feira, 24 de junho de 2025

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Memória junina


Enfeitei um lampião com picadinho de estrelas
coloquei fósforo na palavra ternura
desenhei meia lua na espuma do café
te convidei a beber do meu poema
você demorou
a fogueira apagou
tudo esfriou 
entardeci
nao sei aferrar-se
meu defeito  predileto
ff

quinta-feira, 12 de junho de 2025

sábado, 7 de junho de 2025

domingo, 1 de junho de 2025

 Um dia

um nada de mim

terá perfume

em pétala de margarida.


              Noel Rosa

 Um dia

um mínimo de mim

voará pelo verde

nas asas de um sabiá.

             Noel Rosa

terça-feira, 27 de maio de 2025

Haicai

 Até as pedras se encontram... 


No fundo do verso

pedra sobre pedra

encontro inesperado

fatimafonseca

domingo, 11 de maio de 2025

Centenário de Rubem Fonseca

 

Uns fogem do amor e outros procuram com sofreguidão, mas no fim o que fica, em todos, é a mesma coisa, uma insuportável sensação de vazio.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

 

Por que escreve?
Manoel de Barros

"Minha relação com as palavras é orgástica. Escrevo porque preciso ter relações com elas para viver em paz. Depois que uso uma palavra nova, ela me beija. Quer dizer que gostou de mim. Eu sou de bem com

as palavras que uso porque elas me são".

Mistério

 

Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.

Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.

Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…

Talvez um dia entenda o teu mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!

Florbela Espanca

Maio

 


Há um perfume no ar que adentra Maio

FF

 A caminhada começa com o primeiro passo 

no caminho um doer, 

uma esperança,  

agora deitada no verso 

vislumbro uma ressurreição verde 

me cobrindo de luar 

FFonseca


Escrever...

 Escrevo, porque ainda tenho ilusões e a vida é muito dura sem elas.

FFonseca

segunda-feira, 5 de maio de 2025

 Minha irmã Mara, me liga e  ofegante me disse:

Judith morreu. Ah, meu Deus, Judith morreu!

_Judith irmã da Toninha? Perguntei.

_Sim ela mesma. 


_Estava doente? O que aconteceu?

_E agora como vai ficar a Toninha? 


Toninha morou em nossa casa lá no interior desde pequena, ajudava nossa mãe nas tarefas domésticas.

Muito querida  por todos nós. Hoje idosa e com problemas de saúde mora em sua casinha no mesmo bairro nosso. A  Judith sua irmã mais nova mas já com 60 anos morava com ela. Cozinhava, lavava e levava a irmã ao culto todos domingos. Ambas, nunca namoraram. Solteiras, evangélicas e alienadas aos preceitos da religião. 


_Então, o que aconteceu com Judith?

Minha irmã respodeu:

Fiz a mesma pergunta pra Toninha e ela me disse: 

Olha, ultimamente a Judith andava muito estranha. Ficava horas aí no sofá com as mãos entrelaçadas na cabeça.  O almoço não saia mais no horário parecia uma tonta. Sei não, mas desde que O Dôdô esteve aqui ela ficou assim.

_E quem é Dôdô? 

_Um Senhor que veio consertar a torneira da pia. Ele é viúvo e começou a jogar confetes nela. 

_E ela? 

_Uai ela tava toda selelé, feliz da vida. Andaram se esfregando por aí. 


E hoje quando acordei ela estava  morta.

Deus me perdoe, mas acho que ela saiu dos trilhos. Desobediência. 



A minha irmã me disse que também achou ela esquisita, emudecida nos últimos dias. Mas pensou ser apenas uma tristeza. 


Que nada!

Uma avalanche de emoções para quem vivia na quietude.

O coração não aguentou.

Minha avó dizia: todo excesso  faz mal e pode até levar a morte.

Comentarios no velório:

Morreu com borboletas no estômago !

Overdose de paixão!

Morreu feliz!


Fatima Fonseca

Obs. Nomes fictícios