quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Escrever

                                 Neuza Lima
Aceitar a provocação
Da página em branco
Desatar as palavras das correntes

Deixa-las contar dos sentimentos
Que escapam da alma
Derrama-los nas brancas e cálidas paginas
Dar-lhes vida.

Desvirginar uma página em branco
Não pode ser em vão
Puras, incólumes
Merecem líricas emoções

Cruel,
Nem sempre consigo conter
Minhas afiadas palavras
Emocionadas lâminas
Dilaceram o virgem papel

A branca página
Agora é manchada pelo vermelho
Do sangue que corre em minhas veias poéticas.
Sedento da morte daquele branco ameaçador.

O branco da página atormenta-me
É interminável, sem fim.
Por mais que se escreva
Sempre haverá uma pagina em branco a sua espera.



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