quarta-feira, 18 de outubro de 2017

lições de Aninha

                                           Fátima Fonseca

Entre mim e você
uma cabocla velha de mau olhado,
ancorada ao pé do borralho.
As lavadeiras dos rios.
A menina roceira pés descalços.

Entre mim e você
séculos de existências.
A dureza do cerrado,
trincado pela seca
queimado pelo fogo,
calcinado e renascido.
Que é a existência humana.

Um tacho de melado entre mim e você
doce que me sacode
em losangos versos.
Sou eu esse poema
ajoelhado em seu tabuleiro
mendigando um pedaço de palavra.
que agora mesmo
atravessou a ponte
passou pelo seu olhar cândido
na tentativa de tocar o infinito.
e fazer da vida efêmera
poesia.


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