quarta-feira, 20 de abril de 2016



retorno a casa velha

silencio carrancudo
maquiado pelo abandono
formigas, cupins, aranhas
e outros habitantes invisíveis
que não contemplaram com meu olhar

o que fizeram com os livros amarelados  do meu avô?
e aquele violino  que ficava pendurado atrás da porta?
o fogão aceso
mulheres na lida preparando comidas
bules e xícaras descascadas pelo uso
cavalos arriados na porta
chapéus na chapeleira
gatos, cachorros
cadê as vozes? cadê tudo? cadê todo mundo?


na entrada da casa
no caminho que não recebe mais pegadas
entre espinhos e pedregulhos
umas florezinhas coloridas
da casa velha e do meu vazio 

                                                                    fatima fonseca


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