A chuva agreste o sertão
A vó
sempre dizia: olha por onde pisa menina!
desvia
das poças d’água!
mas
ela insistia em molhar os pés
afundar
na lama
pegar
frieira entre os dedos
Aprendeu a fala medonha dos raios que partem
do
tempo tingido de nuvens escuras
as
palavras molhadas das goteiras
a
geografia dos córregos
a
imposição dos trovões, medos e reticências...
Ah,
mas o que ela queria mesmo era aprender ser rio
e
ficou assim: transbordando por tudo
ou
talvez tornando vazia, desamparada
escorrendo
infinitamente sem conseguir alcançar
sem
saber para onde vai
agonia
de ser
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