quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Dor elegante

Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Com se chegando atrasado
Chegasse mais adiante

Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha

Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nesse dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra
                                   Paulo Leminski

A partir desta data,
Aquela mágoa sem remédio
É considerada nula
E sobre ela, silêncio perpétuo.
                               Paulo Leminski

O destino quis que a gente
se achasse, na mesma estrofe
e na mesma classe,
no mesmo verso
e na mesma frase.
                              Paulo Leminski

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