A poesia como arte
Caminhava
entre sombras de árvores, quando pareceu a ela ouvir nitidamente: - é hora de
poesia.
Tentou
compreender o recado e anotou: poesia é diferente de poema.
Depois,
espiando respingos de chuva na vidraça, pensou: o poema nasce do desejo pelo
belo; a poesia nasce da compreensão que se tem do belo. E ainda anotou: - o
poema é uma obra em verso, nasce de um estado de admiração. Tem enredo. Poesia
é arte de escrever em verso. Nasce da poeira, símbolo da força criadora.
Desperta o belo que dorme em cada criatura.
Deixou cair
sobre a folha o pensamento e foi viver primeiro.
De volta ao
seu lugar de estar, sentiu que um vento preguiçoso espalhava as folhas soltas
sobre a mesa. Ousou pensar: a poesia tem seu momento, assim como a vida. A
morte, no entanto, passeia como este vento para Re-significar o que já existia
antes - a própria vida.
Perguntou-se,
então, a pensadora que vigiava o vento que atravessa a espessura do império dos
significados: o que vale mais, a vida ou a morte?
Anotou para
não esquecer: a poesia.
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