quinta-feira, 16 de abril de 2015

Diamantina
não é fotografia
e nem dói.
É uma ingresia
de saudade
pulsando fina
e, às vezes, rói.
É um garimpo
nestes veios
que carrego
como minas.
Como Minas
me remói!


Um povoado ao luar
é o estado poético
da geometria
ou vã tentativa
de organizar
a poesia?


O sol põe o olho
entre os montes: um vermelho
e belo horizonte.


Meu desejo
agora:
não ter nenhum desejo
ou antes
ter a gula
de um cantar de galo
fora de hora
só pelo gosto
de despertar
neste peito gasto
alguma aurora.


Se eu me chamasse Raimundo
o mundo
seria meu eco?


Céu anil barroco.
Sobre nuvens d'ouro puro
santa de pau oco.

Colcha de telhados
entre montanhas. A vila,
talvez um bordado...

                                       
                               Ângela Leite de Souza

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