Maria Apparecida de Mattos
Aos 15
anos
o amor
foi promessa.
Os tempos
eram outros
e o
pecado,
muito envergonhado.
Garotas e
garotos ficavam.
À moda
antiga, ficavam.
Ora faziam
footing
na praça
principal,
ora colhiam,
na matinê
de domingo,
o fruto
dos olhares da
praça.
Aos 25
o amor foi
confiança.
Sem cálculo,
sem pressa,
na casa
simples
de uma
rua de bairro
construíam-se castelos,
tendo o
futuro como promissória
e sonhos
como fiadores.
Aos 35
o amor foi
tudo,
paixão semicoberta
no leito
onde, encoberta,
feitiçaria conjurava.
Centelhas dos
desejos e dos
ódios
acendiam tal
poder que sufocavam
possível esconjuro.
Em cegueira
e malcoberta
a garota
dos 15 não
previa
os tropeços
da queda anunciada.
Aos 45
o amor foi
quase nada.
Político em
desespero,
tentava boca
de urna.
Ateu convicto,
desfilava contas
do rosário
como quem
joga água
em peneira
furada.
Eros falido
em eros renascendo
das cinzas
de uma fênix
matreira.
Hoje o
amor é redenção.
Cara limpa
despida de máscara,
redescoberta de
corpo
redescoberta de
espírito
aurora boreal
no cerne
do crepúsculo,
a garota
dos 15
dos 30 e dos
inconfessáveis
está livre
pra jogar escolhas
na balança
do tempo.
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