segunda-feira, 19 de maio de 2014

TEMPO DE PARTIDA

Henrique Chaudon

Esparsos pelo vento
os dias, horas, pensamentos.
É tempo, eu sei, há muito, de partida.
Ir pelos jardins de sol e chuva
em procura paciente, silenciosa busca
entre musgo e saibro, espinho e flor.

Pois quem sabe o pó da estrada
nas sandálias gastas e feridas
não pede ao pão mais do que trigo
nem à paisagem alheia senão paz.

Porque é tempo, há muito, de partida
e nas pousadas dormem insensatos homens,
irei só, e já.
O vento que passou levando a vida,
a vida deixa esparsa no caminho.
Por isso eu vou.

E porque é tempo, há muito, de partida.

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