sábado, 12 de abril de 2014

minha infância na roça.


Fátima Fonseca

o coaxar dos sapos
o canto solitário dos grilos
piados, berros  e latidos 
cortando o silencio
vento que entrava pelas frestas
apagando o fogo trêmulo das lamparinas
tenho comigo o medo das noites escuras.

minha avó serena e segura catava feijão
numa peneira a beira do fogão.

às vezes me faço alheia e forte
como era minha avó

outras vezes, porém
basta um grito,
uma sirene
um noticiário ruim
ou até mesmo um dia nublado e sem sol
para me abandonar ao medo
e escancará as portas e cancelas
das noites escuras da minha infância na roça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário