quarta-feira, 6 de novembro de 2013

RANCHO QUE DÓI FUNDO


Marc Gogh
Tem horas que vivo do passado
e que o passado vive em mim
(sintomas de quem envelhece),
passado de minha infância
tempos de pura inocência
que vivi em Congo do Soco
pedaço da querida Barão de Cocais.

Ai, que saudade me dá!

Das terras vermelhas, dos caminhos
que levavam à Fazenda Rancho Fundo,
terras dos avós, a perder de vista
delicioso riacho a trepidar
meu coração a palpitar...
nas alegres travessuras que fazia lá.

Ai, que saudade me dá!

Do grande moinho a cantarolar
envolvendo as águas de modo circular,
da gigante máquina de moagem de cana
preparando a doce e escura garapa,
tacho de cobre,  melado de rapadura
salpica borbulhas, tão quente está.

Ai, que saudade me dá!

Dos alqueires com plantação
escondidos entre montanhas virgens
vistos pelo olhar infante
mundo tão vasto, sem vizinhos
na estrada, cobras de vidro encontrar
à noite, fogueira, causos de arrepiar.

Ai, que saudade me dá!

Da tão desejada festa em família,
festa dos aniversários de vovó,
família a cantarolar,
petiscos a saborear,
hinos de alegria e graça
no arrasta pé, sem hora de acabar.

Ai, que saudade me dá!
Da Estrela D'alva no céu a despontar!


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