terça-feira, 26 de novembro de 2013

O último verso de Celan


Alexandre Marino

Margeia o rio o anónimo suicida,
a afogar-se na aridez humana.
Ainda lhe resta uma luz na madrugada,
realizar a morte como projeto de vida.

Não é um rio qualquer, é o Sena,
a dividir a civilização ao meio.
Testemunha de históricas tragédias,
que a paz dessas águas não serena.

Ele versejou no idioma dos carrascos
e procurou nas dores a beleza.
Quantos parasitas quebram o silêncio...
Cruza a ponte o morto solitário.
A noite parece leve a seus eflúvios.
Contra as feras, faz-se náufrago.

Nenhum comentário:

Postar um comentário