quinta-feira, 7 de novembro de 2013

AS PALAVRAS SÃO NOVAS


José Saramago 


As palavras são novas: nascem quando
No ar as projectamos em cristais
De macias ou duras ressonâncias


Somos iguais aos deuses, inventando
Na solidão do mundo estes sinais
Como pontes que arcam as distâncias.



NO SILÊNCIO DOS OLHOS
Em que língua se diz, em que nação, 
Em que outra humanidade se aprendeu 
A palavra que ordene a confusão 
Que neste remoinho  se teceu? 
Que murmúrio de vento, que dourados 
Cantos de ave pousada em altos ramos 
Dirão, em som, as coisas que, calados, 
No silêncio dos olhos confessamos?


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