Fátima Fonseca
sou do
cerrado
norte
das minas gerais
da seca
eu sou os incendios espontâneos
dos gravetos
os estalos
da
cascavel a astúcia
dos
muricis a pequenez
da
estiagem a sede
dos
redemoinhos a ventania
das
grutas e cavernas eu sou o medo de me encontrar
cresci
me equilibrando em pinguelas
abrindo
porteiras
extraviei-me
por outras bandas
já fui
capitu de Assis
angustia
de Flor Bela Espanca
enígma de Da Vinci
amor de Vinicius e muito mais...
hoje tenho os pés rachados de florzinhas miudas
carrego
na boca um cerrado de letras que não
vingaram
retorcida
sou a insistência de não esmorecer
o calor
me compoem
o
desafio me incita
quando menina sonhei
ser valente
igual a Maria Bonita
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