quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Carlos Ayres Britto




Feras
Nós, humanos,
Jogamos duro com os animais
Ditos comestíveis.
Se eles pudessem falar
Nos xingariam de feras.
-Carnívoros de priscas eras

Vegetariano
Sou da raça dos herbívoros.
Não espreito,
Não golpeio,
Não mato.
O desestresse é meu campeonato.

Convivência
Convivem no meu ser a criança que fui
e o adulto que sou.
O que eu não sei explicar
É se foi o adulto que não deixou a criança morrer,
Ou se foi a criança que não se deixou matar.

Sonegação
O pobre só tem de seu o próprio nome.
Quando nem pelo nome o tratamos,
Até isso lhe sonegamos.

João Fernandes de Brito
Um certo jeito de sorrir que eu tinha
até meu pai morrer,
O coveiro, descuidado,
Deixou no caixão enterrado

Promessa
Enquanto a morte não vem
eu capricho na alegria
E quando a morte vier
Capricharei nela também.
-Foi o que me prometi desde criança,
Como suprema forma de me querer bem

poemas  publicados no livro "Ópera do Silêncio".




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