Adiòs

                          Fátima Fonseca
na despedida ele rasgou o verbo:
esqueça!
ela amassou aquela palavra
dobrou a esquina
e foi ser passarinha
bater asas nas nascentes de outros
versos
amo a palavra desapego.

Florir

a menina vestia chita florida
carregava cesta com poesias
pães fresquinhos.
as borboletas a perseguia
eram flores que elas liam.

O meu dia a dia

o meu dia a dia é uma viagem
que me
rasga
remodela
revela
agora dei para fotografar borboletas
borboletas que pedem flores
flores que pedem  chuva
chuva que pede vento
e eu,  cá comigo,  no dia a dia
também  carrego os meus pedidos
que me esperançam a sempre partir...
fleuma e indiferente

Minha rua

                                                Fátima Fonseca

E aquela mulher na esquina com lápis e papel?

Parece querer voar.  Vai saber...

Bem no olho da rua

um mosquitinho flutuante

só de  passagem

eu, vizinhos e você

meu bordado é em ponto cruz

ausências e distâncias.

sou as encruzilhadas de esperanças
                                                Fátima Fonseca